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domingo, 15 de maio de 2016

Poço no Deserto



BEER LAAI ROE


A cena é trágica. Uma mãe em desespero e angústia profunda que deixa o seu filho adolescente em prantos debaixo da sombra de um arbusto, no meio de um deserto abrasador.
A água e os pães tinham acabado, eles estavam caminhando sem rumo pelo deserto, por que tinham sido expulsos de casa pelo próprio pai.  Desventuras familiares.
Não dá pra culpar a mulher. Ela não era a esposa do pai do garoto, mas também não tivera o caso por escolha própria, mas por ordem da patroa, a verdadeira esposa. Mais tarde, o conflito dos filhos e os sentimentos adversos das mães se torna inevitável. Tempestades familiares que acontecem, e nos conduzem aos desertos.
Agora, ela se distancia do filho por que "não suportaria ver o filho morrer"(Gn 21.15), o deixa na sombra pois não pode prover mais nada, e também não deseja ver o sofrimento. Mas no momento mais terrível e solitário, prevendo a desgraça, é visitada pela graça e favor divino.
O Anjo a encontra, até porque ela não o havia procurado. Ele veio porque "Deus ouviu o choro do menino", Deus sabe onde o menino está e vem ao seu socorro (Gn 21.17). Pode ser que ela se afaste do filho em sofrimento, mas Deus o ouve "lá onde você o deixou".

Mais uma vez, eu não a culpo. Pense no sofrimento de não ter água, pão, suprimento ou socorro algum no meio da nada. A dor no coração, a angústia na alma, o cansaço físico e ainda as lágrimas nos olhos certamente não permitiram que ela visse ou pensasse em qualquer solução.
Quantas vezes, no tenebroso deserto da vida não sentimos o mesmo? Quem já não se encontrou em desespero, fustigado pela angústia de uma depressão, do pavor, esgotado pelo stress, desiludido pelo abandono ou pelo menos desprezo daqueles que esperávamos poder contar em dias maus?
Quem já não olhou ao redor e sentiu-se desesperançado e sem gosto por mais nada ao seu redor?
O Anjo desperta Hagar, lhe trás uma notícia alentadora, demonstra o cuidado e amor de Quem não a abandona jamais, lhe desafia a vencer o medo, aponta um futuro esperançoso e ainda, com as lágrimas enxugadas, mostra-lhe um poço ali, bem perto, que antes ela não pode ver, mas
amparada e socorrida, agora pode desfrutar e continuar a jornada.
Hagar já tinha dado nome a outro poço que demonstra muito bem de onde vem o socorro no meio do deserto, nos dias de perdição, o poço chama-se Beer Laai Roi - o poço Daquele que Vive e me vê (Gn 16.14).
Desertos podem nos cegar, nos esgotar, nos desanimar e tirar quase que o nosso tudo de sobrevivência, mas não pode nos esconder e em mesmo nos tirar do centro do amor de nosso Deus.